sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Baladeira


         E lá estava Marina mais uma vez, no camarote vip de uma boate qualquer. Bebericava quase que maquinalmente seu copo de vodca com energético. Olhar perdido naquela imensidão de sorrisos
instantâneos, copos cheios , pessoas vazias, cada uma representando o seu personagem.
Ela também! Ria alto, e remexia o quadril no melhor estilo mulher fatal. As vezes tocava uma musica e ela dava gritinhos histéricos  ” AMOO ESSA MUSICA!!! AMIGA PARCEIRA SÓ SE FOR AMIGA SOLTEIRA ” ,cantava com as mãos pra cima. Logo era imitada pelas amigas, algumas pessoas nasceram pra liderar, ainda que  garotas com menos cérebro que uma batata, Marina era uma dessas pessoas, tudo que ela fazia era seguida pelas amigas, como cordeirinhos.
Os homens a olhavam com desejo, as mulheres com inveja.
Como era linda! Quando sorria formava uma covinha na bochecha, e tinha umas sardinhas tão bonitinhas… Pena que ninguém reparava nisso.
Reparavam seu corpo escultural, seu busto à mostra, suas pernas torneadas.E soltavam um :
 - GOSTOSA!
Como se ela fosse um pedaço suculento de pernil recém assado.
Nos seus olhos ninguém reparava, mas se reparassem notariam que eram vazios, a Top da balada tinha olhos tristes.
Ela já sabia que  depois de uma garrafa de vodca provavelmente acabaria na cama de um desses caras de camisa polo e gel no cabelo. E que depois vestiria as roupas e se despediram com um tchauzinho glacial.
Como a marina é feliz! Diriam suas amigas cansadas de sofrer e se decepcionar com os homens. Ela sim sabe viver! Ninguem faz ela sofrer! E ela sorria orgulhosa de sua independência e desapego.
Marina chega em casa depois de uma noite louca, tira a roupa e os sapatos que incomodavam,sua cabeça ainda roda pelos efeitos do álcool, ela ainda tinha o cheiro do homem da camisa polo no corpo, como era mesmo o nome dele? Foda-se ,quem se importa com isso? 
Ela é a Marina a desapegada, o orgulho das amigas. 
Marina toma um banho tira a maquiagem pesada e se enrola em sua manta fofinha preferida, abraça um travesseiro e rompe em soluços e lagrimas. Ufa! Finalmente ela pode chorar, porque agora ela é só a Marina que trocaria qualquer coisa no mundo por um pouquinho de amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário